O medo do goleiro diante do pênalti
Marina Ramalho, Ciência Hoje
on-line, 18/06/02
Ângulo dos ombros e da perna de
apoio do batedor permitiria prever direção do chute
Em fase eliminatória de Copa do
Mundo, quando o futuro de uma seleção pode ser decidido nos pênaltis, os
técnicos deveriam ficar atentos para um estudo desenvolvido na Universidade de
Greenwich (Inglaterra): cientistas descobriram que o goleiro pode prever a
direção da bola na cobrança de pênalti se observar o ângulo dos ombros e da
perna de apoio do batedor em relação ao chão. Os pesquisadores acreditam ser
possível treinar goleiros para reconhecer esses indicativos e melhorar seu
desempenho.
Quando um pênalti é cobrado,
goleiros costumam observar a posição do corpo e a direção dos olhos do jogador
para tentar adivinhar o lado em que a bola será lançada. Essas pistas, porém,
podem ser disfarçadas pelo atleta e confundir o goleiro. O objetivo dos
pesquisadores Al-Amin Kassam e Mark Goss-Sampson, especialistas em análise do movimento,
era descobrir se a posição de alguma parte do corpo do batedor de pênalti
estava relacionada à direção do chute.
Para isso, uma filmadora foi
colocada atrás de um gol vazio, na altura dos olhos de um goleiro de estatura
média e com a lente ajustada para simular a visão desse jogador. A câmera
filmou 46 cobranças de pênaltis de um atleta do time inglês West Ham. O filme
foi transferido para o computador e submetido a um software de análise de
movimento. O programa mediu os ângulos da perna de apoio, do ombro, da bacia,
dos pés e do tronco do jogador, durante sua corrida e imediatamente antes do
chute.
A análise estatística permitiu
concluir que apenas os ângulos do ombro e da perna de apoio em relação ao chão
estão associados à direção do chute (ver figura). Essas medidas, no entanto, só
permitem prever se a bola será lançada no centro, no lado direito ou esquerdo
do gol.
"Nenhuma correlação foi observada entre os ângulos do corpo e a altura
atingida pela bola", disse Goss-Sampson à CH On-line.
O estudo constatou que a bola atinge o centro do gol quando o ângulo médio
da perna de apoio do atleta em relação ao chão é de 56,5º graus e o ângulo
médio dos ombros é de 4,9º graus. Se o ângulo da perna aumentar para 65,5º e o
ângulo dos ombros continuar em torno de 5º, a bola atingirá o lado direito da
rede. Quando a bola vai na direção contrária, é o ângulo do ombro que varia
(chega a 9,6º). Nesse caso o ângulo da perna fica em torno de 56,6º.
Dez goleiros assistiram ao filme analisado pelos pesquisadores. Os atletas
tentaram adivinhar a direção da bola em cada um dos 46 chutes. O teste foi
repetido depois que os cientistas instruíram os goleiros sobre os ângulos dos
ombros e da perna de apoio do cobrador. A média de acertos aumentou em 9%.
"Se um goleiro praticar intensivamente o reconhecimento dessas dicas, sua
reação a essas pistas se tornará automática", acredita Al-Amin.
No entanto, resta a dúvida: será que o olho humano é capaz de detectar uma
variação de ângulos tão pequena? De qualquer forma, fica o conselho dado por
Al-Amin aos cobradores de pênaltis: "chutem a bola o mais rápido e forte
possível, já que os goleiros terão menos tempo para analisar as dicas
visuais".
* O medo do goleiro
diante do pênalti é o título de um filme de 1971 do cineasta alemão Wim Wenders
Melancias quadradas?
Sim, invenção dos japoneses
FSP 16 de junho, 2001 Por Thom
Patterson
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ZENTSUJI, Japão -- A Mãe Natureza deve estar de
cabelos em pé com a última invenção dos japoneses: melancias quadradas.
Isso mesmo. Agricultores da
localidade japonesa de Zentsuji encontraram uma maneira de cultivar melancias
quadradas. E dizem que não é um capricho, pois a técnica tem suas aplicações
práticas.
"A razão pela qual
inventam esse tipo de alternativa no Japão é a falta de espaço", disse
Samantha Winters, da Junta Nacional de Promoção de Melancia nos Estados
Unidos
Uma melancia grande e redonda
pode ocupar muito espaço em um refrigerador e nem sempre fica parada nas
prateleiras.
Por isso, os agricultores
japoneses resolveram o problema forçando as melancias a crescer quadradas.
Quando as frutas estão em fase de crescimento, ainda plantadas, os agricultores
as colocam em formas quadradas de vidro.
Essas formas têm as dimensões
exatas dos refrigeradores japoneses e se encaixam perfeitamente entre as
prateleiras, impedindo que as melancias saiam "dançando".
Mas, a fruta cúbica tem seus
inconvenientes: cada melancia quadrada custa cerca de 10.000 ienes, o
equivalente a 82 dólares.
Por isso, Winters disse que não
sabia se existiria mercado nos Estados Unidos para melancias de 82 dólares
cada.
"É um preço salgado para
uma melancia", comentou. "Talvez sirvam para dar de presente; quer
dizer, mais um produto no mercado das frutas para presente".
Mas Winters não descarta a
possibilidade de os norte-americanos se interessarem pela idéia de melancias
mais adaptadas aos refrigeradores, uma vez que o setor produtor da fruta já
teria recebido sugestões de que o tamanho é importante.
"Nossos fruticultores
cultivam melancias redondas sem semente de vários tamanhos", disse
Winters. "E essa é uma das razões pelas quais cultivamos melancias
menores: para que entrem no refrigerador".
Winters lembrou que é bem comum
nos supermercados norte-americanos a venda de melancias já cortadas em
pedaços, outra possível solução para a crise das melancias de tamanho grande.
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